segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Resíduos

Ainda sinto as mesmas paranóias de quando estava acorrentada. Os mesmos medos quando o vejo novamente, a mesma necessidade de se esconder, de omitir todos os atos e pensamentos. Você me fez muito mal, ainda que pense que a desgraçada fui eu; na verdade concordo quando lembro das lágrimas por você derramadas, sinto que foram totalmente desnecessárias, lágrimas estas provocadas pela imaturidade de uma pessoa que precisava naquele momento ser um pouco imatura. É normal, todos são, não posso ultrapassar uma parte de minha vida só para satisfazer suas expectativas.

Nunca disse que seria imutável como a rocha, que teria uma vontade inquebrantável, que a palavra metamorfose não existia para mim. As mudanças vieram, as pessoas mudam é inevitável. Antes eu era um alguém construindo seus alicerces, seus pensamentos e sua conduta. Sinto muito em dizer que a intolerância nos separou, a sua intolerância. A maneira fatal como trata as coisas não é a verdade absoluta. Suas convicções não sãos leis, a maleabilidade é necessária em alguns casos, e desde o princípio isso não ocorreu. Quem sabe minha inadinplência não foi o resultado de sua essência repressora. Você sabe que o medo sempre me acompanhou, um medo que nunca poderia existir; o medo de você.

Agora sofro, ainda que tenha decidido por mim, por lutar pela minha liberdade, sinto sua falta. A saudade às vezes bate e quando vem traz as lembranças, o arrependimento, o remorso. Sei que não sou a pessoa perfeita. Antigamente eu tentava - sem sucesso - mas agora não busco a perfeição, ela não me importa mais. Vendo as fotos antigas, não pela sua idade, pois ainda são recentes, sinto as lágrimas caírem sem querer, ou na verdade eu queira que elas caiam para que possa aliviar a dor. Essa dor maldita e traiçoeira, que aparece nos momentos mais inoportunos, destruindo as alegrias, os sorrisos sendo substituídos pelo silêncio. Tudo isso causado pelos resíduos dessa relação fracassada. As tatuagens que deixou em mim talvez sempre me acompanharão, junto também com os momentos felizes, com o remorso inevitável.

Não nego nada do que foi bom, porém não quero mudar para poder ter o que foi bom de volta, pois sendo assim nessas condições, não quero. Prefiro sofrer durante um tempo, não sei quanto tempo, enfim, prefiro sofrer a mudar minha essência por sua causa. Gostaria que você soubesse que essa condição também se aplica a você. A perfeição está distante disso que você é, uma pessoa demasiadamente intolerante até mesmo com alguém que você disse que amava. O amor basta, as diferenças não importam. O que importa em qualquer relação é a companhia da pessoa amada, o apoio, o ombro quando se precisa, o auxílio, a palavra. As diferenças não importam a ninguém, pois quem ama não vê as diferenças. Aliás, o que seria de todos nós se fôssemos iguais? Não quero o perdão pelo o que cometi, prefiro ficar distante. Você simplesmente causou mau à mim, assim como eu também o fiz com você.

Não quero as suas preocupações, não preciso de nada. Se precisar, com certeza terei a decência de não recorrer a você. A amizade que existia entre nós pode continuar, desde que esqueça de qualquer obrigação e sentimento de posse em relação a mim. Quero somente que tudo corra bem, que a vida continue e que você seja feliz, ainda que eu sofra com isso. Vou sofrer sim, mas não quero nada de volta.

Um comentário:

Corvo disse...

intendo, apesar de situações diferentes, intendo os sentimentos e pensamentos...

tudo q posso desejar-te é melhoras, mesmo não sabendo o q seria melhor para vc, afinal cada caminho tem sua melhor opção, e vejo mtos caminhos, mas porque pensar nisso qndo apenas é necessário viver...

beijos