sábado, 17 de outubro de 2009

Um Encontro às 18:00

- Marcamos um encontro às 18:00 - diz a garota eufórica. Ela nunca havia sido convidada por nenhum rapaz para sair, mesmo porque sua mãe era muito rigorosa. Mas agora as coisas mudaram: está morando sozinha, estudando letras em Paris, já não vive mais naquele prostíbulo.

- Meu Deus, o que vou vestir! Não posso parecer muito vulgar, mas também preciso estar bonita - ela não precisava de muito para estar bonita. Suas roupas não eram muito de acordo com a moralidade das francesas da época - herança da mãe. Não queria desperdiçar essa oportunidade de sair com o rapaz que sempre sonhou; pensava que sempre carregaria o estigma da profissão da mãe. A "filha da prostituta". Já não suportava mais.

- Estou atrada, preciso ir . Sai correndo a jovem moça ao encontro de seu amado. Paris estava movimentada, era um dia chuvoso e as pessoas saíam do trabalho muito apressadas.

- Cuidado Moça!!! - passa um motorista velozmente por Marie, que quase cai na sargeta, podendo estragar seu figurino. Nada podia dar errado, estava muito feliz. A primeira vez que ficava feliz após a morte da mãe. Agora podia até sonhar com um futuro de verdade.

- Jean! Aqui! - acena para ele que está do outro lado da rua. Mas não a vê.

- Jean querido! - insiste, mas ainda ele não percebe. Ele a olha rapidamente, enquanto ao seu encontro vem uma mulher. Muito bem vestida, que agarra em seu braço e entra no carro com ele. A chuva começa a aumentar, e Anethe fica parada, estática, atordoada.

- Como pôde, Jean? - começa a se perguntar, sentada na sargeta, com a chuva molhando seu rosto que agora já não brilha. Ela finalmente soube que jamais poderia ser uma mulher sem mais alcunhas. Estava marcada para sempre como "prostituta".

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